Guia completo do campo harmônico maior para iniciantes

Guia completo do campo harmônico maior para iniciantes

Guia completo do campo harmônico maior para iniciantes. Se você quer sair do “decorar cifras” e começar a entender por que os acordes combinam, este guia prático explica, sem rodeios, como nasce o campo harmônico maior e como ele gera tríades, tétrades e extensões (7, 9, 11 e 13).

A promessa é simples: em poucos minutos você terá um mapa confiável para montar progressões sólidas, transpor para qualquer tom e identificar tensões sem sair da tonalidade.

O gancho é direto: o campo harmônico maior organiza notas e acordes que “nascem” do mesmo centro tonal. A base vem da escala maior e do empilhamento em terças.

Com isso, você constrói acordes que soam coesos, compreende por que o I, IV e V são maiores, por que o ii, iii e vi são menores e por que o vii é diminuto.

Quer compor sem travar? Você pode até “sortear” graus e ainda assim soar bem — desde que respeite o campo.

O que vamos abordar: (1) como formar a escala maior com o padrão Tom–Tom–Semitom–Tom–Tom–Tom–Semitom, (2) como empilhar terças para gerar tríades e, depois, sétimas e demais dissonâncias, (3) como reconhecer a função e a qualidade de cada grau, (4) como criar progressões úteis (incluindo o famoso 2–5–1) e (5) como memorizar as extensões sem decorar listas intermináveis.

Qual é a dor de cabeça mais comum? Tocar cifras sem entender a lógica. A solução: entender o campo harmônico maior na prática, com exemplos em Sol maior, e regras claras de como cada extensão aparece dentro da tonalidade. Assim, você ganha autonomia para analisar cifras, criar arranjos e transpor. Vamos ao passo a passo.

Campo harmônico maior: definição e por que ele importa

A ideia central é objetiva: campo harmônico maior é o conjunto de acordes que derivam da escala maior de um tom. Todos compartilham o mesmo “DNA” tonal e, por isso, combinam entre si.

O processo é mecânico: você forma a escala e empilha as notas em terças (tônica–terça–quinta = tríade; depois acrescenta a sétima; e, se precisar, 9, 11 e 13).

Resultado: um catálogo de acordes prontos para uso, coerentes entre si.

Dois benefícios práticos surgem imediatamente: (1) você consegue compor e harmonizar sem adivinhar; (2) você transpõe progressões para qualquer tom apenas trocando os graus.

Se uma sequência usa I–IV–vi–V, ela soará familiar em Sol, Ré ou Dó — porque a relação entre os graus permanece.

Outro ponto-chave: como todas as escalas maiores seguem o mesmo padrão de intervalos, todos os campos harmônicos maiores resultam na mesma estrutura de qualidades de tríades: I, IV e V maiores; ii, iii e vi menores; vii diminuto.

Essa padronização é o que permite “falar em graus” e trocar de tom sem medo.

Leitura complementar sobre conceitos fundamentais da escala/diatonismo: Wikipedia

Da escala maior ao acorde: o padrão de formação

Partimos da escala maior, construída com o padrão Tom–Tom–Semitom–Tom–Tom–Tom–Semitom. Em seguida, formamos acordes empilhando terças: tônica–terça–quinta (tríade). Se acrescentarmos mais uma terça acima da quinta, temos a sétima.

Continuando, chegamos às extensões: 9 (segunda uma oitava acima), 11 (quarta uma oitava acima) e 13 (sexta uma oitava acima).

Essas são as dissonâncias relevantes — após a 13, você fecha o ciclo e volta à tônica.

Importante: tudo precisa respeitar as notas da escala do tom escolhido. Se a escala de Sol tem Fá sustenido, não podemos usar Fá natural em acordes “diatônicos” de Sol.

Qualquer nota fora da escala caracteriza tensão fora do campo e, portanto, outra cor harmônica (o que pode ser válido, mas já é rearmonização).

  • Tríade: tônica–terça–quinta.
  • Tétrade: tríade + sétima.
  • Extensões: 9, 11, 13 (podem aparecer uma oitava abaixo como 2, 4, 6).

Esse método é universal: aplicável a qualquer tom maior. A vantagem é que você evita decorar listas soltas e passa a construir os acordes de forma lógica.

Exemplo prático em Sol maior: escala, tríades e qualidades

Vamos trabalhar em Sol maior. Primeiro, a escala: G, A, B, C, D, E, F♯. Qualquer acorde diatônico deve usar apenas essas notas.

Formando tríades ao empilhar terças dentro da escala:

  • I (G): G–B–D → maior.
  • ii (Am): A–C–E → menor.
  • iii (Bm): B–D–F♯ → menor.
  • IV (C): C–E–G → maior.
  • V (D): D–F♯–A → maior.
  • vi (Em): E–G–B → menor.
  • vii° (F♯°): F♯–A–C → diminuto (quinta diminuta).

Com isso, já é possível criar progressões que funcionam naturalmente. A regra estrutural se mantém em qualquer tom maior: I, IV e V maiores; ii, iii e vi menores; vii diminuto. Essa é a espinha dorsal do campo harmônico maior.

Adicionando sétimas: tétrades e o “mapa” dos graus

Ao acrescentar mais uma terça acima da quinta, surgem as sétimas. No campo maior, o resultado diatônico é padronizado:

  • I → Δ7 (sétima maior).
  • ii → 7 menor (m7).
  • iii → 7 menor (m7).
  • IV → Δ7 (sétima maior).
  • V → 7 (sétima menor sobre acorde maior — dominante).
  • vi → 7 menor (m7).
  • vii → 7 menor sobre acorde diminuto (meio-diminuto/ø7 em contexto diatônico).

Esse “mapa das sétimas” é extremamente útil para análise e para dar movimento melódico nos topos dos acordes (guia de vozes). Notou como apenas I e IV recebem sétima maior? O V se torna dominante (V7), criando tensão natural para retornar ao I.

Extensões 9, 11 e 13: quando são maiores, justas ou “menores”

Seguindo o raciocínio do empilhamento em terças, surgem as extensões diatônicas. Um atalho prático para o tom maior:

  • 9 (ou 2): todos os graus têm 9 “maior”, exceto o iii e o vii, que recebem 9 menor (♭9).
  • 11 (ou 4): em geral a 11 é justa; a única exceção é o IV, que recebe 11 aumentada (#11).
  • 13 (ou 6): em geral é “maior”; já o iiivi e vii recebem 13 menor (♭13).

Essas regras ajudam a evitar “notas que brigam” com a tonalidade. Exemplo: em Sol maior, o acorde de Bm7 (iii7) aceita ♭9 (C) e ♭13 (G) como extensões diatônicas — colocar 9 “maior” (C♯) sairia do campo.

Dica prática: 11 # só no IV; ♭9 no iii e no vii; ♭13 no iii, vi e vii. Memorize esse trio e você acerta a maioria das escolhas de tensão no maior.

Progressões que funcionam: do “dado” ao 2–5–1

Como os graus são estáveis, você pode sortear sequências e ainda soar bem. Exemplo do vídeo: números 3–1–4–6 em Sol maior geram Bm (iii), G (I), C (IV) e Em (vi) — já dá uma base musical agradável.

Outra progressão onipresente é o 2–5–1: ii–V–I. Em Si♭ maior, o “2–5–1 em Si♭” significa: ii = Cm(7/9/11/13), V = F7(9/11/13), I = B♭Δ(7/9/11/13).

Perceba que as extensões seguem o mapa diatônico. Entender a linguagem por graus é crucial para acompanhar aulas, tutoriais e cifras.

  • Exercício relâmpago: escreva 4 sequências usando apenas os graus (ex.: I–V–vi–IV; ii–V–I–vi; iii–IV–I–V; vi–IV–I–V). Transponha para Sol, Ré e Dó.
  • Variação: troque entre tríades e tétrades; adicione 9, 11 ou 13 conforme o mapa diatônico.

O ganho musical é imediato: suas decisões passam a ter lógica, e você evita “notas proibidas” sem perceber.

Transposição por graus: leve sua música para qualquer tom

Se todas as escalas maiores compartilham o mesmo padrão, transpor vira uma tarefa de substituir nomes de notas pelos mesmos graus em outro tom.

Tocou I–IV–vi–V em Sol? Em Ré, vira D–G–Bm–A. A música preserva a sensação porque a relação entre os graus é idêntica.

  1. Escolha o novo tom e forme a escala maior.
  2. Identifique os acordes diatônicos (tríades e, se quiser, tétrades).
  3. Reescreva sua progressão usando os novos acordes equivalentes.

Esse método evita dependência de cifras prontas e facilita criar arranjos para vozes e instrumentos diferentes. Quanto mais você praticar, mais rápido se torna.

Memorização inteligente: tabelas e ciclo de quintas

Para ganhar velocidade, vale montar uma tabela com os 12 tons (pode seguir a ordem do ciclo de quintas).

Primeiro, preencha apenas as tríades (I, IV, V maiores; ii, iii, vi menores; vii°). Depois, refaça a mesma tabela acrescentando as sétimas (IΔ7, ii7, iii7, IVΔ7, V7, vi7, viiø7).

Em seguida, repita o processo para as 911 e 13, observando as exceções que você já memorizou.

Esse passo a passo “força” o cérebro a ver padrões, e você decorará de forma natural que somente I e IV têm sétima maior, que a 11# aparece no IV, e que ♭9 e ♭13 surgem nos mesmos graus destacados acima. É estudo com propósito, sem perda de tempo.

Fora do campo: quando (e por quê) usar tensões “estranhas”

Usar uma extensão que não pertence ao campo harmônico maior muda a cor instantaneamente.

Exemplo: colocar 13 maior (G♯) sobre o Bm (iii) em Sol maior já indica “saída” do campo, pois a 13 diatônica para o iii é ♭13 (G).

Esse tipo de escolha é intencional e pode soar lindo — mas é outra linguagem (substituições, empréstimos modais, cromatismos).

Para quem está começando, a regra é simples: fique no mapa diatônico enquanto constrói segurança.

Quando quiser explorar, selecione um ponto de “cor” por vez (por exemplo, elevar a 11 no IV — que já é diatônico — e depois experimentar um cromatismo controlado no V).

Resumo operacional: construa dentro do campo; explore “fora” com consciência; volte para resolver. Essa alternância cria narrativa harmônica e guia o ouvinte.

Aplicando agora: roteiro de estudo semanal

Para transformar entendimento em prática, use este roteiro simples:

  1. Dia 1–2: monte a escala maior de 3 tons diferentes e escreva as tríades.
  2. Dia 3: acrescente sétimas; toque cadências ii–V–I nos 3 tons.
  3. Dia 4: adicione 9, 11 e 13 conforme o mapa; teste voicings abertos.
  4. Dia 5: crie 4 progressões por graus e transpõe para 2 tons.
  5. Dia 6: estude o ciclo de quintas; reescreva uma música que você gosta em outro tom.
  6. Dia 7: grave uma base de 60–90 segundos usando I–V–vi–IV e 2–5–1.

Esse plano faz você tocar, ouvir e internalizar as relações. Em pouco tempo, você passa de “copiar cifras” a “entender a harmonia”.

Conclusão

guia completo do campo harmônico maior para iniciantes mostrou como a escala maior e o empilhamento em terças formam acordes coesos, por que I, IV e V são maiores, quais sétimas e extensões cabem em cada grau e como criar progressões que funcionam (do sorteio de graus ao clássico 2–5–1).

A lógica é replicável em qualquer tom: domine o método, não a lista.

Resumo em uma linha: escale as notas corretas, empilhe em terças, respeite o mapa das extensões e pense em graus. É esse raciocínio que destrava composição, arranjo e transposição.

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FAQ – Guia completo do campo harmônico maior para iniciantes

O que é exatamente o campo harmônico maior?

É o conjunto de acordes que surgem da escala maior de um tom. Eles são formados empilhando terças a partir de cada grau da escala e, por isso, compartilham o mesmo centro tonal.

Por que I, IV e V são maiores e ii, iii, vi são menores?

Porque o padrão de intervalos da escala maior (Tom–Tom–Semitom–Tom–Tom–Tom–Semitom) gera, ao empilhar terças, essas qualidades específicas para cada grau. O vii é diminuto por causa da quinta diminuta formada dentro da escala.

Como saber quais extensões (9, 11, 13) usar em cada grau?

Use o mapa diatônico: 9 “maior” em todos, exceto iii e vii (que têm ♭9); 11 justa em todos, com 11# apenas no IV; 13 “maior” em todos, com ♭13 em iii, vi e vii.

O que é a cadência 2–5–1 e por que ela é tão comum?

É a sequência ii–V–I. Ela cria movimento natural de tensão e resolução dentro do campo maior (V7 resolve no I), sendo base de inúmeras músicas e de muita improvisação.

Como transpor uma progressão para outro tom rapidamente?

Reescreva a progressão por graus (ex.: I–V–vi–IV). Depois, substitua pelos acordes equivalentes no novo tom. O som se mantém porque a relação entre os graus é a mesma.

Posso usar notas “fora” do campo harmônico maior?

Pode, mas isso já é outra proposta (empréstimos modais, cromatismos, substituições). Para começar, fixe o mapa diatônico. Depois, introduza cores “fora” com intenção e ponto de resolução.

Existe alguma dica rápida para decorar as exceções?

Sim: 11# só no IV; ♭9 no iii e vii; ♭13 no iii, vi e vii. Memorize esse trio e você evita os principais conflitos logo de cara.


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