Como surgiu a guitarra: a evolução de um ícone musical

Descubra como surgiu a guitarra, desde seus ancestrais acústicos até a revolução elétrica que mudou a música para sempre.

A história da guitarra começa muito antes do rock’n’roll, e sua evolução atravessa séculos, culturas e revoluções musicais. Neste artigo, vou te contar como esse instrumento tão amado pelos músicos surgiu, se transformou e conquistou o mundo.

Hoje a guitarra é símbolo de rebeldia, arte e liberdade. Mas você sabia que tudo começou com instrumentos acústicos rudimentares que nem tinham trastes? Acompanhe essa jornada que mistura inovação, paixão e muita música.

Instrumentos antigos: as raízes da guitarra

A história da guitarra remonta a mais de 4 mil anos. Instrumentos de cordas semelhantes à guitarra já existiam na Antiguidade, em civilizações como Egito, Grécia e Mesopotâmia.

Naquele tempo, os instrumentos tinham corpo oco e cordas de tripa de animal. Tocava-se com os dedos ou usando palhetas rudimentares. Embora ainda não fossem guitarras, eles já traziam o conceito básico: cordas esticadas sobre uma caixa de ressonância.

Os instrumentos conhecidos como oud árabe e a cítara romana influenciaram diretamente o que viria a ser a guitarra moderna.

A guitarra na Idade Média e Renascença

Durante a Idade Média, a Europa foi fortemente influenciada pelos instrumentos árabes trazidos pelas invasões muçulmanas na Península Ibérica. O oud, por exemplo, deu origem à vihuela na Espanha.

A vihuela, que surgiu no século XV, era um instrumento com forma semelhante à do violão moderno, com trastes e afinação parecida. Ela foi fundamental para a transição da música medieval para a música renascentista.

Na mesma época, surgiram também outros instrumentos de cordas como o alaúde, muito usado na música da corte. Embora ainda não fossem guitarras, esses modelos ajudaram a formar a base técnica e estrutural do que viria depois.

O nascimento da guitarra clássica

No século XVIII, nasce o que chamamos de guitarra clássica ou violão espanhol. Foi na Espanha que esse formato se consolidou, com seis cordas afinadas em E-A-D-G-B-E — padrão que usamos até hoje.

O luthier espanhol Antonio Torres Jurado é um dos nomes mais importantes dessa fase. Ele foi responsável por padronizar o tamanho, a estrutura interna e o formato do instrumento, garantindo maior volume e melhor projeção sonora.

Esse modelo era puramente acústico e tocado sem amplificação, muito utilizado na música erudita e em peças populares espanholas.

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O início da amplificação: guitarras elétricas

Com o avanço da tecnologia no século XX, músicos começaram a enfrentar um problema: como fazer com que a guitarra fosse ouvida em orquestras e bandas maiores?

Foi então que, em 1931, nasceu a primeira guitarra elétrica comercial da história: a Rickenbacker Frying Pan. Ela utilizava captadores eletromagnéticos que transformavam as vibrações das cordas em sinais elétricos, que podiam ser amplificados.

Na década de 1940, Les Paul — sim, o mesmo que dá nome à guitarra famosa — começou a desenvolver modelos sólidos para evitar a microfonia, algo comum nas guitarras acústicas amplificadas.

Guitarras sólidas e a revolução musical

A década de 1950 marcou uma virada definitiva na história da guitarra. Leo Fender lançou a primeira guitarra de corpo sólido produzida em massa: a Fender Telecaster. Pouco depois, veio a Fender Stratocaster, com seu formato ergonômico e três captadores.

Nesse mesmo período, Les Paul, em parceria com a Gibson, criou a icônica Gibson Les Paul. Essa rivalidade entre Fender e Gibson ajudou a moldar o som do rock, do blues e de praticamente todos os gêneros populares que surgiram a partir dali.

A guitarra elétrica passou a ter papel de destaque nas bandas, com solos, distorções e efeitos que marcaram gerações.

Guitarra no rock, jazz e blues

Nos anos 60 e 70, a guitarra virou o coração do rock. Artistas como Jimi Hendrix, Eric Clapton e Jimmy Page elevaram o instrumento a um novo patamar, com técnicas inovadoras e solos arrepiantes.

No blues, nomes como B.B. King e Stevie Ray Vaughan levaram emoção às notas com o uso do bend e vibrato. Já no jazz, guitarristas como Wes Montgomery e Joe Pass exploraram acordes complexos e improvisação.

A guitarra se tornou símbolo de liberdade, virtuosismo e expressão artística.

A era digital e os novos modelos

Com o avanço da tecnologia digital, novas guitarras surgiram com recursos impressionantes. Modelos com captadores ativos, MIDI, simulação de amplificadores e efeitos embutidos ampliaram as possibilidades sonoras.

Hoje, guitarras como a Line 6 Variax ou as Gibson com afinadores automáticos mostram como a tradição se funde com a inovação.

E mesmo com toda essa evolução, o modelo clássico com seis cordas, captadores passivos e corpo sólido continua sendo o preferido da maioria.

A guitarra no Brasil

No Brasil, a guitarra também tem uma história rica. Ela chegou com influências do rock americano e britânico, mas ganhou identidade própria com artistas como Pepeu Gomes, Armandinho e Toninho Horta.

A guitarra baiana, por exemplo, é uma adaptação elétrica do cavaquinho e foi fundamental para o surgimento do trio elétrico no Carnaval da Bahia.

Com o tempo, a guitarra se firmou no samba-rock, no axé, na MPB e até no sertanejo moderno.

A guitarra como cultura e símbolo

Hoje, a guitarra vai além da música: ela é um ícone cultural. Está presente em capas de álbuns, filmes, camisetas e tatuagens. Representa rebeldia, juventude e criatividade.

Aprender a tocar guitarra se tornou um rito de passagem para muitos adolescentes, e sua presença nas escolas de música só cresce.

Ela é, sem dúvida, um dos instrumentos mais influentes e amados do mundo.


Tabela com marcos históricos da guitarra

ÉpocaEvento marcante
AntiguidadeUso do oud e cítara em civilizações antigas
Século XVVihuela aparece na Espanha
Século XVIIIPadronização do violão clássico
1931Criação da primeira guitarra elétrica
1950Fender Telecaster lançada
1952Gibson Les Paul lançada
1960–70Auge da guitarra no rock
Anos 2000+Guitarras digitais e híbridas

Curiosidades sobre a guitarra

  • A guitarra mais cara já vendida foi a Black Strat de David Gilmour, por US$ 3,9 milhões.
  • Jimi Hendrix tocava com a guitarra virada porque era canhoto.
  • Existem guitarras com mais de 12 cordas e formatos bem diferentes.
  • Alguns guitarristas famosos nem sabiam ler partitura, como Eddie Van Halen.

Perguntas frequentes (FAQ)

1. Qual foi a primeira guitarra elétrica do mundo?
A Rickenbacker Frying Pan, criada em 1931, foi a primeira guitarra elétrica com captador.

2. A guitarra foi inventada por quem?
Não há um único inventor, mas nomes como Antonio Torres, Les Paul e Leo Fender foram fundamentais.

3. Como a guitarra chegou ao Brasil?
Chegou por influência do rock internacional, mas se adaptou à cultura brasileira com a guitarra baiana e a MPB.

4. Qual a diferença entre guitarra e violão?
A guitarra geralmente é elétrica e tem corpo sólido; o violão é acústico e tem caixa de ressonância.5. A guitarra ainda é popular hoje?
Sim, a guitarra segue sendo um dos instrumentos mais tocados e desejados do mundo.

Luis Fernz

Luis Fernz

Luis Fernz é músico, educador e guitarrista com uma trajetória sólida e apaixonada pela arte sonora. Formado em Licenciatura em Música, iniciou sua jornada nas seis cordas com aulas particulares com o guitarrista Edvan, desenvolvendo uma base técnica e expressiva refinada. Em busca de aprofundamento, especializou-se em guitarra fusion e harmonia funcional com o renomado professor Danilo Ferreira, ampliando seu vocabulário musical e explorando sonoridades modernas e complexas.

Desde 2010, Luis atua como professor de música, compartilhando seus conhecimentos em escolas e projetos diversos, além de oferecer aulas particulares. Sua experiência prática também é vasta: já tocou ao lado de grandes músicos e participou de formações que transitam por estilos variados, sempre com musicalidade e autenticidade.

Com mais de uma década de dedicação ao ensino e à performance, Luis Fernz se destaca como um profissional completo, comprometido com a evolução musical de seus alunos e com a excelência artística em cada apresentação.

Artigos: 8

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